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Impacto do Acordo Mercosul-União Europeia nas Importações Brasileiras

O Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia, concluído em dezembro de 2024, representa um marco significativo para as relações comerciais entre os dois blocos econômicos. Após 25 anos de intensas negociações, o acordo busca fortalecer o comércio bilateral, reduzir barreiras tarifárias e ampliar a cooperação entre economias que juntas representam cerca de 718 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 22 trilhões.

Aspectos Centrais do Acordo

Um dos pontos de destaque do acordo é a liberalização tarifária progressiva para cerca de 91% dos bens e 85% do valor das importações brasileiras provenientes da União Europeia (UE). Isso significa que, ao longo de um período que pode variar de 4 a 15 anos, as tarifas de importação de diversos produtos europeus serão reduzidas ou eliminadas.

Setores como o automotivo terão prazos ainda mais extensos, de até 30 anos para a desgravação tarifária completa, considerando veículos elétricos e tecnologias emergentes. Isso reflete a preocupação em equilibrar a competição para indústrias locais, dando-lhes tempo para se adaptar à concorrência com produtos europeus, reconhecidos pela sua alta qualidade e inovação tecnológica.

Impactos Previstos para as Importações Brasileiras

Estudos recentes indicam que o impacto do acordo no comércio bilateral será expressivo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), até 2044, espera-se que o fluxo comercial entre o Brasil e a UE aumente em R$ 94,2 bilhões, representando um crescimento de 5,1% em relação ao cenário atual. Desse total, as importações de produtos europeus deverão crescer em R$ 42,1 bilhões.

Os principais setores que deverão ver aumento nas importações incluem:

  • Produtos farmacêuticos e medicinais: Atualmente, esses produtos já representam cerca de 14,7% das importações brasileiras da UE. Com o acordo, sua participação no mercado deverá crescer ainda mais, devido à redução de tarifas e à maior acessibilidade para os consumidores e o sistema de saúde brasileiro.
  • Máquinas e equipamentos industriais: Correspondem a 9,9% das importações e são fundamentais para a modernização da infraestrutura industrial brasileira.
  • Veículos rodoviários: Com participação de 8,2%, espera-se um aumento significativo, especialmente em veículos elétricos e híbridos, setores estratégicos para a transição energética global.
  • Produtos químicos e orgânicos: Atualmente com 5,5% das importações, deverão desempenhar um papel importante no setor industrial brasileiro, em especial nas cadeias de valor da química fina e da produção de insumos.

 

Oportunidades e Desafios

Especialistas como Marianne Schneider-Petsinger, do Chatham House, apontam que a maior competitividade dos produtos europeus no mercado brasileiro pode estimular a modernização e a inovação na indústria nacional. O acesso a bens de alta tecnologia e insumos industriais de melhor qualidade poderá elevar os níveis de produtividade, beneficiando empresas de médio e grande porte, especialmente aquelas já inseridas em cadeias globais de valor.

Por outro lado, setores menos competitivos, como o automotivo tradicional e segmentos industriais dependentes de protecionismo, poderão enfrentar desafios significativos. A competição com produtos europeus de alta qualidade pode levar à reestruturação ou até ao fechamento de empresas que não conseguirem se adaptar rapidamente às novas condições de mercado.

Impactos para os Consumidores

Para os consumidores, o acordo trará benefícios diretos, como maior variedade de produtos a preços mais competitivos. Medicamentos, carros e equipamentos eletrônicos deverão se tornar mais acessíveis, elevando a qualidade de vida e fomentando o acesso a tecnologias de ponta.

Considerações Finais

O Acordo Mercosul-União Europeia possui um enorme potencial para transformar as importações brasileiras e fortalecer os laços econômicos com um dos blocos comerciais mais influentes do mundo. No entanto, a implementação do acordo exigirá um equilíbrio cuidadoso entre a busca por oportunidades e a mitigação de riscos para os setores mais vulneráveis da economia brasileira.

Políticas públicas que incentivem a modernização industrial, capacitação de mão de obra e estímulos à inovação serão cruciais para garantir que o Brasil colha os benefícios do acordo de forma inclusiva e sustentável.



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